No Brasil, hoje em dia, há aproximadamente 600 mil corretores de imóveis, um número que aumentou significativamente durante a pandemia. Apesar da presença abundante de profissionais no mercado, muitas transações imobiliárias são concluídas sem a assistência deles.
Uma pesquisa divulgada pelo Estadão (http://bit.ly/3EHhOcZ) em junho de 2023 revelou uma realidade preocupante: no Brasil, apenas 40% das negociações imobiliárias, em média, são conduzidas por corretores de imóveis, em contraste com os 60% a 70% na Europa e impressionantes 95% nos Estados Unidos.
Esses números refletem a crescente perda de espaço desses profissionais nos últimos tempos. Mas por que isso está acontecendo?
Embora não haja respostas definitivas, podemos apresentar algumas considerações relevantes.
Começamos pela formação profissional. A preparação de um corretor de imóveis no Brasil ocorre de duas maneiras atualmente:
a) TTI – Técnico em Transações Imobiliárias, de nível médio, com duração de 4 a 12 meses;
b) Gestão de Negócios Imobiliários ou cursos similares, de nível superior, com duração média de 2 anos.
É válido questionar se 4 meses, no caso de TTI, são suficientes para formar um profissional, ou se 2 anos, nos cursos de nível superior, é um prazo adequado. Comparativamente, a formação de um advogado requer pelo menos 5 anos de estudo, enquanto engenheiros, arquitetos e dentistas investem ainda mais tempo.
A confiabilidade em um profissional que conclui sua formação em apenas 4 meses é uma incógnita. Será que ele pode interpretar uma matrícula? Avaliar com precisão o valor de mercado de um imóvel? Fornecer orientações sobre a documentação necessária para garantir uma transação imobiliária segura?
Em 2020, o presidente do COFECI, João Teodoro, expressou preocupações sobre a qualidade da formação dos corretores de imóveis, sugerindo a necessidade de um exame de proficiência autorizado por lei e a implementação de cursos superiores em Gestão Imobiliária como requisito legal para inscrição no Creci (https://bit.ly/3rgzh94). Desde então, quais avanços foram realizados nesse sentido?
Além da preparação profissional, a virtualização dos processos de compra e venda de imóveis desempenha um papel significativo na diminuição da demanda pelos serviços dos corretores. Tecnologias consolidadas permitem a visualização de imóveis (tour virtual), acesso online às matrículas, assinaturas digitais de contratos e transferência de valores, tudo sem a necessidade de intervenção direta de um corretor de imóveis, cuja o serviço que passa a ser visto com um custo adicional e faz com que muitos proprietários optem por transacionar imóveis sem a intermediação desses profissionais.
O desenvolvimento de um bom relacionamento com os clientes também precisa estar na pauta dos corretores de imóveis. A comunicação clara e eficaz, o atendimento personalizado e a criação da confiança profissional são fundamentais para criar relacionamentos fortes e duradouros com os clientes.
Agora, a questão é: o que pode ser feito diante desse cenário desafiador?
A presença de um corretor de imóveis numa negociação deve gerar ao cliente economia de tempo, segurança no negócio, preço justo pelo imóvel e facilitação nos trâmites burocráticos… sem mencionar a necessidade de atuação proba e honesta, pressuposto básico em qualquer profissão.
São necessárias melhorias na formação profissional, enfoque no domínio das tecnologias aplicadas ao processo de venda e investimento no aprimoramento das habilidades interpessoais, também conhecidas como “soft skills”.
Corretor de imóveis: quando foi sua última atualização? Há quanto tempo não se aperfeiçoa?
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